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Smokehead: Quando o Diabo Decidiu Fazer Whisky (E Por Que Você Deveria Vender Sua Alma Por Uma Garrafa)

  • Foto do escritor: Tierri Ezequiel Gabriel
    Tierri Ezequiel Gabriel
  • 28 de ago.
  • 8 min de leitura
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Lembram da história de Fausto? Aquele cara que vendeu a alma ao diabo em troca de conhecimento e poder? Bem, se Mefistófeles fosse um destilador escocês com tendências góticas e um fetiche por caveiras, ele provavelmente criaria algo como Smokehead. A diferença é que, neste caso, você não precisa vender sua alma - apenas seu rim esquerdo e talvez a herança da vovó para alguns rótulos.

Desde que Ian MacLeod Distillers decidiu brincar de Frankenstein em 2006 e criar esta abominação deliciosa, Smokehead tem sido o sonho molhado de todo peathead que se preze e o pesadelo de quem ainda acha que whisky deve ter gosto de "suavidade e elegância". Spoiler alerta: elegância morreu junto com a era vitoriana, e suavidade é para quem bebe leite ou agua.


A Origem Sombria: Quando o Marketing Encontra a Alquimia

A história por trás do Smokehead é mais misteriosa que o paradeiro da Marina Silva em anos não eleitorais. Oficialmente, ninguém sabe de qual destilaria de Islay este líquido "amaldiçoado" emerge - embora os rumores apontem para uma certa destilaria localizada a três milhas de Port Ellen, na costa de Kildalton. É como se fosse o Voldemort dos whiskies: "Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado", mas que todo mundo sussurra o nome nos bares depois da terceira dose.

Ian MacLeod Distillers, essa empresa familiar que existe desde 1933 (quando, ainda pairava pelo mundo uma maioria de homens raízes), decidiu que o mercado precisava de mais um whisky com cara de vilão de filme B. E acertaram em cheio. Porque, convenhamos, em um mundo onde todos estão tentando ser politicamente correto e "sustentável", nada como uma marca que abraça completamente seu lado sombrio e diz: "Sim, somos o lado negro da força, e daí?"

A empresa, que já tinha no portfólio marcas respeitáveis como Glengoyne e Tamdhu, decidiu que precisava de uma ovelha negra na família. E que ovelha negra! Smokehead não é apenas um whisky; é uma declaração de guerra contra o gosto popular, um manifesto punk rock em forma líquida.


O Arsenal do Apocalipse: Conhecendo a Família Smokehead


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Smokehead Original

(43% ABV) - O Primogênito do Inferno

O patriarca da família, lançado em 2006 como um "assalto aos sentidos" - e que assalto! Com 43% de álcool, este é o membro mais "comportado" da família, o que é como dizer que é o serial killer mais educado do presídio.

O nariz "te atinge como fumaça de uma fogueira" com "malte, dulçor de caramelo, creosoto, alcatrão e notas rusticas". Romântico, não? É como se alguém tivesse decidido engarrafar a essência de uma oficina mecânica em chamas (porem com uma pegada fenólica controlada algo na casa dos 30ppm, um Bowmore da vida), temperada com um toque de elegância marítima. O paladar entrega "mais fumaça de alcatrão dominando com notas secundárias de melaço e torrada queimada, falta um pouco de alucinação, mas é bem ok", porque aparentemente alguém na Ian MacLeod acordou um dia e pensou: "Sabe o que o mundo precisa? De um whisky que tenha gosto de apocalipse zumbi."


Smokehead High Voltage (58% ABV) - O Irmão Psicopata

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Se o Original é um bem sucedido tapa na cara (masoquista mesmo), o High Voltage é um soco de Mike Tyson seguido de um choque elétrico. Com 58% de álcool, este é o membro da família que foi expulso de todas as escolas e agora trabalha como dublê em filmes de ação.

O pessoal do Thirty One Whiskey descreveu a experiência como "licking a slate rock on the seashore" - lamber uma pedra de ardósia na beira-mar. Porque nada diz "experiência gastronômica refinada" como simular geofagia (Usei o dicionário para essa) em ambiente marítimo. Mas aqui está a reviravolta: apesar de toda essa agressividade, o High Voltage surpreende por ser "mais oleoso e preencher a boca, simples mas bem feito, poderoso, com algo na casa dos 40ppms quase me lembra um Ardbeg 10 marombado", criando uma experiência que é simultaneamente brutal e sedutora. É como ser espancado pelo seu tio com o amor de uma surra de aprendizado para a vida (não que eu já tenha feito isso com algum de meus sobrinhos, ou será que já fiz? Samuel... rsrsrs).


Smokehead Rum Rebel (46% ABV) - O Pirata Rebelde

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O Rum Rebel é o que acontece quando Smokehead decide fazer uma viagem ao Caribe e volta com TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) tropical. Finalizado em barris de rum caribenho, este whisky é a prova de que até os escoceses podem ter uma crise de meia-idade e decidir virar piratas.

O Words of Whisky descreveu como tendo "abacaxi grelhado, bananas maduras e pêssegos enlatados" no nariz, o que soa mais como a descrição de uma salada de frutas do que de um whisky. Mas não se deixem enganar pela aparente doçura - este ainda é um Smokehead, e como tal, vem com sua dose obrigatória de "fumaça nítida, turfa terrosa, uma ótima complexidade e corpo interessante". É como se Jack Sparrow tivesse decidido se aposentar na Escócia e abrir uma destilaria.


Smokehead Twisted Stout (43% ABV) - O Hipster Gótico

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Porque aparentemente não bastava ser apenas um whisky rebelde, o Twisted Stout decidiu que precisava ser também craft beer adjacent. Finalizado em barris de Mochaccino Stout da Pilot Brewery, este é o membro da família que usa óculos sem grau e frequenta cafeterias obscuras.

O resultado, segundo o Words of Whisky, é "caramelo infundido com fumaça" e "toques de café escuro", criando uma experiência que é parte whisky, parte café da manhã de ressaca. É para quem quer parecer sofisticado enquanto destrói o fígado de forma artesanal. Nesse cidadão infelizmente não deixo minhas impressões pessoais pois não consegui colocar as garras em uma garrafa ainda.


Smokehead Sherry Bomb (48% ABV) - O Aristocrata Decadente

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O Sherry Bomb é o que acontece quando Smokehead decide frequentar a alta sociedade, mas não consegue esconder completamente suas origens de classe trabalhadora. Finalizado em barris de sherry Oloroso, este é o membro da família que usa smoking, mas ainda tem tatuagens no pescoço.

Steve Kirwan, do Wine and Whiskey Globe, ficou tão impressionado que declarou: "Eu costumava elogiar Lagavulin 16 e Laphroaig 10 como meus Islays favoritos. Bem, saiam da frente, vocês dois - o Smokehead veio para ficar!" Isso vindo de alguém que avalia whisky como profissão é como Gordon Ramsay elogiando um hambúrguer do McDonald's - simplesmente não acontece, a menos que seja realmente excepcional, entretanto pessoalmente, sinto que falta MUITO Sherry para esse whisky ser BOMB, mas é um top whisky, isso não tem como negar (Tem Review no Canal)!


Smokehead Tequila Cask Terminado - O Loco Mexicano

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Porque aparentemente a Ian MacLeod decidiu que não bastava conquistar o Caribe e a Espanha, era hora de invadir o México também. O Terminado é finalizado em barris de tequila, criando uma fusão cultural que deveria ser proibida pela Convenção de Genebra.

O resultado é descrito como tendo "notas de citrus bitters, mais perceptivelmente laranja, com notas florais". É como se alguém tivesse decidido fazer uma margarita com whisky escocês, o que tecnicamente deveria ser considerado crime contra a humanidade, mas que de alguma forma funciona.


Cinco Curiosidades Que Vão Fazer Você Parecer Inteligente no Bar

1. O Mistério da Destilaria Fantasma

Smokehead é produzido em uma destilaria de Islay não revelada, mas os especialistas apostam que seja de uma destilaria localizada a três milhas de Port Ellen. É como um jogo de detetive para nerds de whisky - todo mundo tem uma teoria, ninguém tem certeza, e a Ian MacLeod está rindo de rachar.

2. A Conexão Rock'n'Roll

Desde 2009, Smokehead mantém uma associação com o Classic Rock Roll of Honour Awards e o Marshall Ultimate Band Contest. Porque nada combina mais com whisky turfado do que guitarra distorcida e cabelo comprido. É a única marca de whisky que provavelmente tem mais fãs em shows de metal do que em degustações formais.

3. O Copo do Apocalipse

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A marca criou um copo especial chamado "Smoke Mask"

- um pedaço de vidro vulcânico preto que custa £120 e parece ter saído diretamente de um filme de ficção científica distópica. É para quem quer que a experiência de beber whisky pareça um ritual satânico.

4. A Família Imperial do Whisky Rebelde

Ian MacLeod Distillers não é apenas uma empresa qualquer - eles são donos da Glengoyne (odeio a destilaria, não os whiskies), Tamdhu, Rosebank e várias outras marcas respeitáveis. É como descobrir que o Batman é na verdade Bruce Wayne: a mesma empresa que produz whiskies elegantes e tradicionais também é responsável por esta abominação gótica.

5. O Fenômeno Travel Retail

Smokehead tem versões exclusivas para duty-free, incluindo o "Riot" Rum Cask e o "Extra Rare". Porque aparentemente não basta traumatizar os bebedores domésticos - eles querem que os turistas também levem cicatrizes emocionais para casa.


A Verdade Nua e Crua: Por Que Smokehead Funciona

Aqui está a coisa: por mais que eu tenha passado os últimos parágrafos fazendo piada com Smokehead, a verdade inconveniente é que funciona. E funciona muito bem.

Em um mercado saturado de whiskies que tentam ser tudo para todos, Smokehead teve a audácia de ser completamente, descaradamente ele mesmo. Não tenta agradar. Não pede desculpas. Não finge ser algo que não é. É um whisky turfado de Islay com atitude punk rock, relativamente acessível, e se você não gosta, o problema é seu.

O GreatDrams resumiu perfeitamente: é "um single malt Islay que pressiona todos os botões certos para aspirantes a peat freaks". E essa honestidade brutal é refrescante em uma indústria que às vezes leva a si mesma muito a sério.


O Veredicto Final: Vale a Pena Vender a Alma?

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Depois de analisar reviews de diversas fontes internacionais, unindo as minhas experiencias pessoais, uma coisa fica clara: Smokehead não é para todo mundo, é uma linha 100% turfada, em alguns momentos exótica, em outros mentirosa, porem é marcante! E essa é exatamente a sua força.

Se você é do tipo que acha que whisky deve ser "suave e acessível", fique longe. Se você acredita que embalagem deve ser "clássica e elegante", procure outra coisa. Mas se você quer um whisky que te dê um tapa na cara e depois pergunte se você quer mais, Smokehead é sua resposta.

Os preços variam de US$ 45,00 para o Original até US$ 105,00 para o Sherry Cask Blast (Coloquei em dólar pois não temos oficialmente no BR, mas quando achamos por aqui eles variam de R$ 350,00 para os whiskies de entrada a R$ 750,00 para os topo de linha), o que no mundo atual dos whiskies premium é praticamente preço de banana. Considerando que você está comprando não apenas um whisky, mas uma experiência completa de rebeldia líquida, é quase um convite.


Onde Comprar Sem Ser Roubado (Literalmente)

E aqui chegamos ao ponto crucial: onde diabos comprar essas garrafas sem ter que vender um rim no mercado paralelo? A resposta é: Esse whisky em raros momentos aparecem para os membros do canal, ser membro tem diversos beneficios e lhe convido a participar da maior e mais incrível comunidade do setor!

Já que não consigo lhe oferecer Smokehead, vou lhe deixar 1 link com mais de 60 whiskies single malts diferentes ao dispor, todos em lojas 100% confiáveis, onde você pode comprar sem medo que receberá sem problemas!

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PS. Comprando no link você estará ajudando o Canal Tierri Whisky do YouTube a continuar produzindo conteúdo de qualidade.

Porque no final das contas, a vida é muito curta para beber whisky ruim, muito longa para beber apenas whisky "comportado", e muito imprevisível para não experimentar algo que pode ser a melhor ou a pior decisão da sua vida.

Saúde, e que os deuses do whisky tenham piedade de nossas almas (e fígados)

Assista ao Review do Smokehead


 
 
 

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