O metal que vale ouro
Ao visitar uma destilaria, sem dúvida alguma, um dos momentos mais impressionantes, para os olhos e para a alma, é ver aqueles alambiques (POT STILL) de COBRE BRILHANDO como se alguém os polisse diariamente. É deveras emocionante! Nos transporta à um universo mágico da alquimia!
Entretanto, é importante citar que não só o cobre pode ser escolhido para a confecção de alambiques. Muitos outros materiais, tais como vidro, cerâmica, latão, ferro, alumínio e aço inoxidável são, tecnicamente falando, passíveis de uso, sem contar as inúmeras ligas metálicas existentes.
Ao longo do aprimoramento e desenvolvimento das destilarias, a maioria dos destiladores de whisky optou, primariamente, pelo cobre como material para construir seus alambiques. Na sequência, alguns escolheram o aço inoxidável, que teve a sua utilização iniciada após a sua descoberta em 1913. Mas, a utilização do cobre é muito mais antiga!
Estima-se que o cobre tenha sido descoberto em 9 mil a.C., no Oriente Médio. Alguns registros do seu uso na Antiguidade podem ser encontrados mesmo na Bíblia, na qual o metal é citado na construção, por exemplo, de templos. Com o passar dos anos, disseminaram-se técnicas de fusão e refino do cobre, aumentando a sua utilização.
O nome cobre tem origem na palavra latina cuprum, que significa “da ilha de Chipre”. Os egípcios tinham tantos usos para o cobre que criaram o símbolo Ankh para identificá-lo em seu sistema de hieróglifos. O cobre também representava a vida eterna naquela cultura.
Assim, considerando que outros materiais podem ser utilizados para a construção de alambiques, por que o cobre continua sendo o eleito?
Sim! À despeito de outros materiais, o cobre sempre foi o favorito dos fabricantes de alambiques, sejam eles caseiros ou industriais. Os motivos são muitos, começando pela sua maleabilidade, condutividade e brilho duradouro. O fato de ter grande maleabilidade permite que os alambiques possam ser moldados de maneira tal, que tenham formas distintas e tamanhos variados.
Dentre outras vantagens para a sua utilização, possui natureza anticorrosiva, espalha o calor uniformemente por toda a superfície do alambique e, ainda, remove compostos de enxofre altamente voláteis que podem se formar durante o processo de destilação, incluindo dimetil trissulfeto e carbonato de etila. Essas moléculas podem conferir sabores não desejados e, ainda, possuir potencialidade tóxica.
O cobre previne esse problema, pois durante o processo da destilação, o enxofre proveniente da levedura liga-se ao cobre, formando o sulfeto de hidrogênio que, por sua vez, forma o sulfato de cobre. O sulfato de cobre adere ao interior do alambique após a conclusão da destilação. Depois de uma limpeza completa do alambique de cobre, o sulfato de cobre é levado pelo ralo e não para o seu uísque, ao contrário do que pode ocorrer com a utilização de outros alambiques feitos de metais diferentes.
Como se não bastasse, o cobre tem mais uma vantagem, auxilia a formação dos ésteres, que conferem um caráter frutado ao produto final, oque pode ser desejável!
E por que não o Aço Inoxidável?
Apesar do aço inoxidável ser um bom condutor de calor, nesse quesito, ainda perde para o cobre, que é um condutor melhor.
Em termos de custo, o aço inoxidável é muito mais barato e também é inerte não reagindo aos componentes do álcool, água ou oxigênio, de forma a não modificar o líquido que está sendo formado. É, ainda, mais durável do que quase qualquer material concorrente, incluindo, entre outros, o cobre. No entanto, o aço inoxidável não é capaz de impedir a formação de odores e sabores sulfurosos no produto final, fator esse essencial para um whisky palatável.
Quer dizer que a utilização do cobre não possui nenhuma “contraindicação”?
Na verdade, há uma propensão dos alambiques de cobre terem um afinamento da superfície interna ao longo do seu uso, causando uma despesa cara para as destilarias, ou para a sua reparação, ou para a sua substituição total. No jargão técnico, o alambique é conhecido por “arfar”, como se fosse um cachorro que se esforçou demais. Outro problema do cobre é mantê-lo limpo, devendo ser submetido a limpezas periódicas anuais o que faz com que a destilaria tenha que interromper a sua produção.
Por fim, existem também os destiladores híbridos de aço inoxidável/cobre que pode ser interessante dependendo do uso do alambique e das características necessárias, uma caldeira de inox com coluna de cobre pode ser outra opção.
Fontes consultadas:
2)“Sixty Centuries of Copper”, de B. Webster Smith, publicado por UK Copper Development Association, em 1965
3)Abcobre.org
4)manualdaquimica.com
5)Procobre - O Cobre
7)https://www.distillerytrail.com/blog/why-are-stills-made-of-copper/
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