🥃 Johnnie Walker Black Ruby: A "Revolução" que o Marketing Inventou
- Tierri Ezequiel Gabriel
- 25 de jul.
- 10 min de leitura

🔥 Quando a Diageo Decide que o Mundo Precisa de Mais um Whisky "Inovador"
A Diageo lançou o Black Ruby prometendo "uma nova era do whisky". Spoiler: não é uma nova era, é só mais um whisky doce bem feito que custa R$ 230 e foi criado para viralizar no Instagram. Mas será que vale a pena? 🤔
Ah, o maravilhoso mundo corporativo das bebidas destiladas! Onde cada lançamento é uma "revolução", cada blend é "inovador" e cada estratégia de marketing vem disfarçada de "nova era". E eis que surge, em março de 2025, o mais recente "fenômeno" da Diageo: o **Johnnie Walker Black Ruby**. Porque, aparentemente, o que a humanidade realmente estava esperando era mais um whisky que promete "reimaginar como o Scotch pode ser apreciado" [1].
Segundo o site oficial da Diageo, estamos diante de nada menos que "uma nova era para o whisky" [1]. Uma nova era! Imaginem só. Depois de séculos de tradição escocesa, milhares de expressões disponíveis no mercado e uma infinidade de opções para todos os gostos e bolsos, finalmente alguém teve a genialidade de criar... um whisky doce. Revolucionário mesmo.
Mas vamos ser justos com a criatura. O Black Ruby não surgiu do nada como um raio em céu azul. Ele é o resultado de uma estratégia cuidadosamente orquestrada, que começou com testes-piloto em 2024 nas cidades de México, Sydney e San Juan [1]. Porque nada diz "inovação global" como testar seu produto em mercados que já têm uma predisposição natural para sabores mais doces, não é mesmo? É como testar sorvete no verão e depois anunciar que descobriu que as pessoas gostam de coisas geladas.
A Mente Por Trás da "Revolução"
A verdadeira protagonista desta história é a **Dr. Emma Walker**, que assumiu o cargo de Master Blender da Johnnie Walker em 2022 [2]. E aqui, devo admitir, temos que tirar o chapéu para a mulher. O Black Ruby marca sua primeira grande inovação na linha principal da marca, e ela não economizou no arsenal técnico disponível.
Walker e sua equipe decidiram brincar com a **Destilaria Roseisle**, essa maravilha moderna da engenharia escocesa que representa tudo o que há de mais avançado na produção de whisky [2]. Com seus seis de sete pares de stills que podem alternar entre condensadores de aço inoxidável ou cobre, a Roseisle é como o laboratório dos sonhos de qualquer blender que se preze. É lá que aconteceram os experimentos mais "ousados": fermentação prolongada para amplificar notas frutadas e destilação estendida para maior contato com o cobre [2].
"Estávamos procurando usar Roseisle para obter essas notas doces de frutas vermelhas e esse caráter delicado de grama verde. E conseguimos isso com as técnicas experimentais
de produção de whisky que temos em Roseisle." - Dr. Emma Walker [2]
Técnicas experimentais. Adoro essa expressão. Como se fermentação longa e destilação estendida fossem segredos alquímicos descobertos ontem. Mas enfim, o marketing precisa de seus termos pomposos, e "técnicas experimentais" soa muito melhor que "fizemos o que destilarias artesanais fazem há décadas, só que com mais tecnologia e orçamento".
A Anatomia de um Blend "Revolucionário"

Vamos ao que realmente importa: como essa criatura foi construída. O Black Ruby combina whiskies das tradicionais "quatro esquinas da Escócia" - Cardhu, Clynelish, Caol Ila e Glenkinchie - com a estrela do show vinda da Roseisle [2]. Mas o verdadeiro diferencial está no processo de maturação, que é onde a coisa fica interessante de verdade.
A equipe da Dr. Walker usou uma combinação dinâmica de barris de vinho tinto de primeira passagem, barris temperados com Oloroso e Pedro Ximénez, e os tradicionais barris ex-bourbon [3]. É como se alguém tivesse decidido fazer um "greatest hits" dos tipos de barris mais populares do momento. Os barris de vinho tinto trazem as características vibrantes de frutas vermelhas, os de sherry contribuem com riqueza e especiarias, e os ex-bourbon amarram tudo com aquela suavidade sedosa que todo mundo adora [3].
O resultado, segundo as análises especializadas, é um whisky que apresenta no nariz "romã, cerejas levemente azedas, ameixas, carvalho tostado e leve fumaça de turfa" [2]. No paladar, encontramos "geleia de framboesa, torta de amora, ameixas, figos, cereja marasquino e mel" [3]. E o final traz "doçura suave, fumaça leve e especiarias do barril" [3].
Traduzindo: é gostoso. Não é complexo como um single malt de 18 anos, não tem a rusticidade de um bourbon artesanal, mas é gostoso. E às vezes, convenhamos, gostoso é o suficiente.
O Preço da "Inovação"
Agora vamos falar de dinheiro, porque no final das contas é isso que move o mundo. O Black Ruby chega ao mercado com um preço sugerido de aproximadamente $45 dólares [3], o que na conversão atual fica em torno de R$ 230. Não é barato, mas também não vai quebrar o banco de ninguém. É o preço perfeito para parecer sofisticado sem ser inacessível - uma jogada de mestre do departamento de marketing.
A comunidade internacional de whisky, representada pela plataforma Whiskybase, deu ao produto uma nota média de 80.66/100, baseada em 52 avaliações [4]. É uma nota respeitável, que coloca o whisky na categoria "bom, mas não excepcional". Ou, como diria um crítico mais direto: "competente".
Uma das avaliações mais honestas veio do site Words of Whisky, que deu ao produto 8/10 e comentou: "Certamente em um campo de sabor diferente do Johnnie Walker Black Label, o Ruby permanece fiel ao DNA da marca. Equilibrado e acessível, embora um pouco monotônico. No geral, uma bebida prazerosa" [2].
"Um pouco monotônico." Essa frase resume perfeitamente o que o Black Ruby representa: um produto bem feito, mas que não vai mudar sua vida nem despertar paixões avassaladoras. É como aquele filme que você assiste, gosta, mas esquece na semana seguinte.

A Estratégia Por Trás da Cortina de Fumaça
Mas aqui está a verdadeira genialidade da operação: o posicionamento de mercado. A Diageo não está tentando convencer os puristas que bebem single malt puro há 30 anos. Eles estão mirando em um público completamente diferente: os millennials com poder aquisitivo, os iniciantes curiosos, os bartenders que precisam de uma base versátil para cocktails [1].
Jennifer English, diretora global da marca, não fez questão de esconder a estratégia: "Johnnie Walker Black Ruby marca uma evolução ousada em nossa Black Collection que se inspira nas notas clássicas do Black Label e é criado para a cena moderna de coquetelaria" [1]. Traduzindo: é um whisky feito para ser misturado, não necessariamente apreciado puro.
E aqui está a jogada de mestre: eles criaram três cocktails "signature" para acompanhar o lançamento. Porque nada vende mais whisky hoje em dia do que receitas de drinks que ficam bonitos no Instagram. É marketing puro, mas é marketing eficiente.
A Diageo entendeu algo que muitas marcas tradicionais custam a aceitar: o futuro do whisky não está necessariamente nos puristas que bebem single malt puro, mas na nova geração de consumidores que vê o whisky como um ingrediente, não como um fim em si mesmo.
As Ativações "Imersivas" e Outras Maravilhas do Marketing Moderno
Ah, mas não podemos esquecer das famosas "ativações imersivas" que precederam o lançamento global. Segundo a própria Diageo, o Black Ruby foi apresentado através de "experiências imersivas e energéticas - de stunts com CGI a festas de lançamento inesquecíveis que celebraram o espírito brincalhão do novo whisky" [1].
Stunts com CGI. Para lançar um whisky. Deixem isso afundar por um momento.
Vivemos numa era em que não basta mais criar um bom produto e deixar que ele fale por si mesmo. Agora precisamos de experiências imersivas, realidade aumentada, festas temáticas e toda uma parafernália digital para convencer as pessoas de que aquele líquido dourado na garrafa vale a pena.
Não me entendam mal - não há nada intrinsecamente errado com marketing criativo. O problema surge quando o marketing se torna mais importante que o produto em si. E no caso do Black Ruby, às vezes fica difícil saber onde termina a inovação real e onde começa a encenação corporativa.
O Contexto Global: Timing Perfeito ou Oportunismo?
O lançamento do Black Ruby em março de 2025 não é coincidência. Estamos vivendo um momento único na história do whisky, onde as barreiras tradicionais entre "whisky de conhecedor" e "whisky popular" estão se dissolvendo rapidamente. A pandemia mudou os hábitos de consumo, a geração millennial está entrando na faixa etária de maior poder aquisitivo, e as redes sociais transformaram completamente a forma como descobrimos e compartilhamos experiências gastronômicas.
Nesse contexto, um whisky como o Black Ruby faz todo o sentido comercial. Ele oferece a credibilidade da marca Johnnie Walker (que é praticamente sinônimo de whisky escocês para boa parte do mundo), a inovação que atrai curiosos, e a acessibilidade que não intimida iniciantes.
Segundo a análise da Craft Cask, o Black Ruby "alinha-se com tendências de mercado mais amplas estabelecidas por marcas como Glenlivet's Cognac Cask e Chivas Regal's Mizunara Finish" [3]. Em outras palavras: todo mundo está fazendo whiskies mais doces e acessíveis, então por que a Diageo ficaria de fora da festa?

A Questão que Não Quer Calar
Mas aqui está a pergunta que realmente importa: o mundo precisava de mais um whisky "fácil de beber"? Ou estamos assistindo à lenta "coca-colização" do whisky escocês, onde tudo precisa ser doce, suave e palatável para as massas?
A resposta, como sempre, é complicada. Por um lado, há algo genuinamente democrático em tornar o whisky mais acessível. Se o Black Ruby consegue converter alguém que "não gosta de whisky" em um apreciador da bebida, isso é positivo. Mais pessoas descobrindo os prazeres do whisky significa um mercado mais forte e diversificado.
Por outro lado, existe o risco real de que, na busca por agradar todo mundo, acabemos perdendo aquilo que torna o whisky especial em primeiro lugar. A complexidade, a rusticidade, aquela sensação de estar bebendo algo que carrega séculos de tradição e conhecimento.
O crítico do Words of Whisky capturou bem essa tensão ao comentar que o Black Ruby é "equilibrado e acessível, embora um pouco monotônico" [2]. É possível criar algo que seja ao mesmo tempo acessível e interessante? O Black Ruby sugere que sim, mas com limitações.
O Veredicto Final: Entre o Ceticismo e o Pragmatismo
Depois de analisar todas as fontes, experimentar virtualmente o produto através das descrições especializadas, e dissecar a estratégia de marketing por trás do lançamento, qual é o veredicto sobre o Johnnie Walker Black Ruby?
É complicado dar uma resposta simples, porque o whisky em si é uma contradição ambulante: é comercial mas bem feito, é inovador mas seguro, é acessível mas não barato. É o tipo de produto que exemplifica perfeitamente o estado atual da indústria de bebidas destiladas - profissional, competente, mas talvez um pouco sem alma.
Se você é do tipo que acha que whisky bom é whisky difícil, que complexidade é sinônimo de qualidade, e que tradição é mais importante que inovação, provavelmente vai torcer o nariz para o Black Ruby. E tudo bem, você tem todo o direito.
Mas se você consegue separar o produto da estratégia de marketing, se entende que nem todo whisky precisa ser uma experiência transcendental, e se aceita que às vezes "gostoso" é suficiente, então o Black Ruby pode te surpreender positivamente.

A verdade é que a Diageo criou um produto competente para um mercado específico. Não é o whisky do século, não vai ganhar prêmios de inovação radical, mas vai vender bem e vai fazer muita gente feliz. E talvez, no final das contas, isso seja o suficiente.
Porque, convenhamos, nem todo whisky precisa ser uma obra de arte. Às vezes, basta ser uma boa bebida que você pode compartilhar com os amigos sem precisar dar uma aula de história da destilação escocesa antes de servir.
O Johnnie Walker Black Ruby é exatamente isso: um whisky honesto, bem feito e sem pretensões além daquelas que o marketing exige. E sabe de uma coisa? Em um mundo cheio de produtos que prometem muito e entregam pouco, isso já é mais do que suficiente.
Saúde!
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Referências
[1] Diageo. "A new era for whisky begins with Johnnie Walker Black Ruby." Diageo Official Website, 2025. https://www.diageo.com/en/news-and-media/stories/2025/a-new-era-for-whisky-begins-with-johnnie-walker-black-ruby
[2] Words of Whisky. "Review: Johnnie Walker Black Ruby (2025)." Words of Whisky Blog, 16 May 2025. https://wordsofwhisky.com/johnnie-walker-black-ruby-2025/
[3] Craft Cask. "Johnnie Walker Launches Black Ruby Blended Scotch Whisky." Craft Cask News, 29 Mar 2025. https://craft-cask.com/news/johnnie-walker-unveils-black-ruby-blended-scotch-whisky
[4] Whiskybase. "Johnnie Walker Black Ruby - Ratings and reviews." Whiskybase Database, 20 Feb 2025. https://www.whiskybase.com/whiskies/whisky/271030/johnnie-walker-black-ruby?language=en
PERGUNTAS FREQUENTES
Quanto custa o Johnnie Walker Black Ruby no Brasil?
Ele nao existe no Brasil, mas se existisse, baseado no valor internacional ficaria na casa dos R$ 230,00. Não é barato, mas também não vai quebrar o banco.
Vale a pena comprar ou é só hype?
Depende do que você procura. Se quer um whisky modinha, frutadinho, fresco como novidade e não tão caro assim para impressionar no happy hour, pode valer. Se já é experiente em whiskies, talvez seja melhor investir em algo mais desafiador.
É melhor que o Black Label tradicional?
Não é melhor nem pior, é diferente. O Black Label é mais complexo e tradicional. O Black Ruby é mais doce e "Instagram-friendly". É como comparar rock clássico com pop atual.
Posso beber puro ou só funciona em cocktails?
Pode beber puro sim, mas foi claramente pensado para cocktails. As três receitas oficiais da Diageo não são coincidência.
Por que tanta crítica se o whisky é "bom"?
Porque às vezes é preciso separar o produto da estratégia de marketing. O Black Ruby é competente, mas o marketing em volta dele é... digamos, "criativo".
A VERDADE NUA E CRUA: VALE OU NÃO VALE?
Se você chegou até aqui, provavelmente quer uma resposta direta: vale a pena comprar o Black Ruby?
A resposta honesta é: depende. Se você:
- Está começando no mundo dos whiskies
- Gosta de sabores doces e frutados
- Quer algo para fazer cocktails bonitos
- Não se importa em pagar R$ 230 por "competência"
Então sim, pode valer a pena.
Mas se você:
- Já tem experiência com whiskies complexos
- Prefere tradição à inovação de marketing
- Acha que R$ 230 deveria comprar algo mais interessante
- Tem alergia a "experiências imersivas com CGI"
Então talvez seja melhor economizar o dinheiro para algo mais desafiador.
FICHA TÉCNICA COMPLETA
Nome Completo: Johnnie Walker Black Ruby
Tipo: Blended Scotch Whisky
ABV: 40%
Volume: 700ml
Preço Brasil: R$ 230,00 (nao existe no mercado interno)
Preço Internacional: $45 USD / £35 / €25-30
Master Blender: Dr. Emma Walker
Lançamento: Março 2025
Destilaria Principal: Roseisle (Speyside)
Outras Destilarias: Cardhu, Clynelish, Caol Ila, Glenkinchie
Tipos de Barris: Vinho tinto, Oloroso, PX, Ex-bourbon
Rating Whiskybase: 80.66/100 (52 avaliações)
Rating Words of Whisky: 8/10
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Avaliação do Johnnie Walker Black Label Sherry Cask 12 anos:
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